sexta-feira, 30 de março de 2012

A vivência do diálogo na prática humana de Gandhi [1]


Gandhi lutou para que as pessoas tivessem o direito de ficar juntas, matar ou morrer? Nunca matar, a escolha dele foi por morrer ( a morte da vontade de matar que é instinto). As reações agressivas humanas que tem por trás uma bondade original. Ter senso de igualdade.
O revolto humano fruto do adoecimento psicológico. Gandhi sugere doação e inteireza. Mas o grande mérito é a capacidade de dialogar com todos os segmentos? Respeito a figura humana, que mesmo quando não fala é capaz de dialogar.
De fato o aro sensibiliza. A linguagem amorosa e acolhedora do corpo, das expressões. E trazer isso para o exercício da nossa práxis cotidiana é essencial. A resignação é a base do aprimoramento. É o rompimento da mente velha condicionada, a saída das prisões interiores. Apologia ao nacionalismo? Isso é fruto do pensamento condicionado que alimenta a estrutura reptiliana do cérebro.
E então Gandhi se liberta... Sem imagem, por isso a roupa, a indumentária.
Ir de encontro ao outro através das percepções. Como fazer isso? Gandhi sabiamente se utilizou da percepção para mudar o rumo da história. Existiram tantos Gandhi: Paulo Freire, Irmã Dulce, Krhisnamurti. Capazes de se desnudar.
Mas não devemos ser subservientes! A subserviência à mente, do pensador que se rende aos ditames do pensamento e que vive o sofrimento de estar preso em suas próprias mazelas. O corpo físico não existe, é desdobramento da essência, instrumento de ação no fenômeno. Não violência, não corrupção.
Para isso, o encontro com seu próprio EU.; Não é fácil essa percepção e a luta dos contrários é intensa nos variados níveis de realidade. Não evidenciar o erro do outro, por que o não se evidencia seu próprio erro. O acolhimento de si, em sentido radical.
Pseudo- inimigos por que não é ele mesmo inimigo, ele é humanidade. Exige a compreensão profunda de serhumanohumanidade. Compreensão da vida que pulsa em todos os seres. Onde não há segregação. Paz e aliança com o divino mesmo, que é acolhimento e unidade.
 E o pensamento condicionado não dá trégua, a auto-segregação implica em imposição ao outro. A segregação em qualquer dimensão é violenta. Os iguais/desiguais. Especificidades, pluralidade elencadas a uma idéia de consciência cidadã. Igualar na medida de sua desigualdade. “Grito dos surdos e do silêncio”. Olhar de igualdade, busca de apoios.
A mudança através de um sentido de vida que é capaz de promover crescimento.  Crescimento do ser humano a partir da sua própria compreensão de existência. Dar salto na busca de valores, de compreensão de mundo. Quando um cresce, todos crescem.
O diálogo permite o redimensionamento dos pontos de vista a partir de uma escuta amorosa, transformando pelo desenvolvimento pleno do humano. A vivencia cristica da aceitação e da não reação. O amor como forma de ação genuína, decidida na luta das polaridades do indivíduo.
Maioria-minoria, que constroem a história, ouvindo e dialogando plenamente. Ou não... a mobilização do toque, que responde a pergunta inicial. O retorno ontológico é a chave para o diálogo interno-externo.
Grande alma, querer constante, necessidade do sensível. E então teremos efeitos.
O desafio está lançado: quem adentra o labirinto do minotauro?




[1] Produção coletiva a partir da Vivência de Comunicação Dialógica da Transdisciplina Desenvolvimento Humano e Ação Educativa.
Mestrandos em Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social

domingo, 25 de março de 2012

O destino existe?

 

E o destino existe?
  A pergunta que não quer calar... Tenho vivido a experiencia de um destino implacável, que chega assim de maneira abrupta e é incisivo nas imposições que exigem certas aprendizagens. Um destino que aproxima e torna concreto o que seria algo no campo do inimaginável. E as certezas de vida e de domínio das  ações caem por terra sem pestanejar.
O que melhor cabe para a momento é o conceito de SINCRONICIDADE de Jung.  Para ele, o universo está interligado por uma vibração capaz de mover todas as coisas numa mesma ordem original. Resultado de seus diálogos com Einsten durante a concepção da teoria da relatividade, Jung encaminhou suas percepção ao plano da psiquê, tecendo um emaranhado de compreensões acerca das coincidências significativas como resultados do desdobramento do plano físico no plano psíquico.
Se formos para escrituras sagradas que antecederam o pensamento Junguiano, tais como: os sutras de Patanjali , a filosofia hermética e os princípios alquimicos e Pistis Sophia, fica claro que já se fala de maneira emblemática dos diferentes estados de consciência e de como vamos avançando e desenvolvendo a nossa capacidade intuitiva a partir desta evolução. O desvelamento dos mistérios proporcionados pelo encontro com o sagrado a partir da ativação dos níveis de percepção (ou se pudermos chamar de níveis de realidade), faz com que saltemos no campo compreensão da vida mesma enquanto uma sequencia de coincidências e passemos a identificar a maestria da sinfonia universal.
É como se todas as coisas que estivessem acontecendo no plano físico, fossem familiar ao plano psíquico. E como temos limitações de ativação de nossos estados de consciência no desdobramento do concreto, os aspectos da psique se manisfestam em sonhos, visões e sensações as quais muitas vezes não damos importância e passam despercebidas.
(Isso é bem verdade, sempre tive dentro de mim a certeza de que esta hora chegaria. Só não dei vazão as minhas percepções)
São os chamados insights tão bem delineados no livro "A profecia celestina". Cada insight representa o desnudar de um estado de consciência, que ao se revelar proporciona uma nova maneira de ser-estar-no-mundo-com (usando o termo cunhado por Dante Galeffi no livro o Ser sendo da Filosofia). Aí me recordo das palavras de Américo Sommerman no nosso último jantar: "quando uma janela destas se abre, não há mais como voltar atrás" e eu posso complementá-lo dizendo que se a escolha for voltar, estamos fadados a loucura.
(Então o que está acontecendo comigo tem explicação... não da loucura, mas da sincronicidade! eu ainda não resolvi voltar!)
E nesse movimento polilógico, onde os fatos/visões tem uma congruência, não cabe perguntar o porquê. Cabe entregar-se plenamente ao sagrado e conectar-se num canal direto com o divino. Seria portanto, essa conexão oculta (bem Capra agora) que Jung chama de estado Selfico ou numinoso. Embora existam variações em todos os documentos supracitados aparecem referencias a tal momento: compreensão do ishwaha, estado búdico, estado crístico, rubedo...E então a mistica se processa e não são mais necessárias respostas, a energia flui sem empecilhos.
Agora que está claro que essa coisa que denominamos destino é o fruto de nosso crescimento em nível de consciência, o que nos proporciona a percepção diferenciada do mundo. Agora, a consequência é só entrega. O que dá medo, muito medo. Mas ainda assim, a voz de dentro de mim diz: se atire ao desconhecido, por que a vida é emergência. Então, me sinto uma astronauta gravitando no universo desconhecido de mim mesma...

quinta-feira, 22 de março de 2012

É amor...

 

De onde vem a causa de todo sofrimento humano? Hoje acordei com a boca amargando a triste sensação de impotência, não realização, adoecimento interno...
Pensar o sofrimento implica em buscar suas causas, onde estão postos todos os conflitos. De acordo com o princípios humanos, o normal é prender-se ao pensamento gerador de conflito e buscar pontos de fuga que expressam as zonas de fragilidade. Assim, no momento aparente, parece que todo o conflito foi resolvido por uma brecha que origina ciclos viciosos intermináveis. Porém o pensamento, o conflito permanece!
Começamos de maneira errônea, olhando pelo ângulo invertido. O conflito em si não pode ser dissolvido, precisamos encontrar o seu ponto principal, o ápice. Trabalhar com a ponta do icebergue é viver na farça de si mesmo...
E por várias vezes me perguntei: onde está a beleza dessa vida? E as respostas estavam sempre nas coisas que poderíamos alcançar. Grande engano... O importante não é onde se quer chegar, mas sim o trajeto. As aprendizagens proporcionadas pelo entrecruzar de histórias, pelos percalços do caminho e pelas alegrias por horas vividas com a intensidade desmedida, essas sim são a essência do belo. Não trato aqui do padrão de beleza imposto pela ética capitalista do lucro e da competição. Falo beleza no sentido genuíno e radical. Beleza da estética do sensível de ser humano, sentir-se humano e estar, no movimento polilógico universal, sendo humano... E beleza é o amor, o sentimento radical de ver o outro sem julgamentos, sem apontar. Porque o amor é puro, é observação consciente do mundo como parte integrante da sua constituição de ser. Portanto, quem ama vive com intensidade. Por isso que dizemos que quando estamos envolvidos numa ação amorosa, a vida ganha muito mais sentido. O estado de ser-amor é presença presente em cada segundo, por isso é intenso, vibrante e urgente. Assim, fica decidido que não mais quero viver a vida pensando no que posso alcançar, mas simplesmente viver no sentido pleno de existir para ser amor em radicalidade essencial...